Quando devo testar se tive contato com pessoas com COVID-19?

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Autor: Isaac Schrarstzhaupt (@schrarstzhaupt)

Revisão: Melissa Markoski (@melmarkoski), Mellanie Fontes-Dutra (@mellziland)

Imagem adaptada de: https://www.nytimes.com/interactive/2020/10/02/science/charting-a-coronavirus-infection.html

Entramos no mês de dezembro com mais um aumento de casos de COVID-19 no Brasil. Cada vez mais recebemos aquela ligação ou mensagem de nossos amigos e parentes, contando que estão com a COVID-19. Nesse momento, começam a surgir muitas dúvidas na nossa cabeça: será que estou com a doença também? devo testar? qual teste eu faço? Se der negativo, estou mesmo sem a doença?

A primeira coisa que temos que saber é que temos dois tipos principais de teste, e cada um serve para uma situação: para saber se eu estou com vírus ativo, multiplicando-se no período do teste ou se eu já entrei em contato com o vírus num curto ou maior espaço de tempo.

O teste que detecta se estamos com o vírus ativo no momento do teste é o chamado RT-PCR, e algumas pessoas o chamam também só de “PCR”. Este é o teste em que inserem uma espécie de cotonete bem comprido no nosso nariz para coletar um pouco de secreção, imagem que já vimos muito desde março.

Quando entramos em contato com alguém infectado e “pegamos a doença”, o vírus começa a se reproduzir em nosso corpo, e leva alguns dias até que ele exista em quantidade suficiente para ser detectado no teste. Este tempo, em média, é de quatro a seis dias depois do contato. Sabendo disso, sempre temos de calcular esse período para, aí sim, fazer o teste PCR.

Este período normalmente coincide com o período de início dos sintomas e é por isso que muitas vezes esses sintomas acabam sendo um requisito para que a pessoa possa ser testada. Sem essa informação dos quatro a seis dias, podem ocorrer muitos enganos, como por exemplo a pessoa fazer o teste PCR logo no dia seguinte que entrou em contato com alguém com COVID-19 e gerar um resultado “falso-negativo”. Pois, neste caso, o teste será, de fato, negativo, já que ainda não deu tempo do vírus se reproduzir o suficiente para ser detectado na secreção coletada.

Outro tipo de teste é o teste sorológico, que indica se já entramos em contato com o vírus, Neste teste, coleta-se um pouquinho do nosso sangue e se procura anticorpos, substâncias que só são produzidas quando já estamos em uma fase mais avançada da doença (mais de 14 dias da infecção) ou mesmo se já passamos por ela tempos atrás.

Este teste também causa algumas confusões, pois ele pode ser feito no laboratório, através de uma amostra de sangue, colhida da mesma forma que nos exames de sangue tradicionais que já estamos acostumados, ou ele pode ser feito também através do famoso “teste rápido”, que é aquele que pode ser comprado em farmácias, e é o teste em que furam a pontinha do nosso dedo e uma gotinha de sangue é pingada em um cassete de plástico que, depois de alguns minutos, nos diz se temos ou não os tais anticorpos. É muito parecido com o teste de gravidez, que é feito com gotinhas da urina.

Como mencionado antes, este teste apenas diz se, em algum momento, entramos em contato com a doença e geramos anticorpos, nada mais do que isso. Ele não garante que estamos de fato protegidos contra novas infecções com o vírus. Assim, mesmo em caso de termos um resultado positivo em um teste sorológico, temos que continuar nos protegendo e protegendo os outros da mesma maneira.

Então, agora que sabemos quais são os tipos de teste, vamos criar uma situação hipotética para fixar bem a informação sobre que atitude tomar:

  • Fui trabalhar, entrei em contato com meus colegas, e descobri que um deles testou positivo para COVID-19. O que preciso saber para poder fazer o teste correto? 
    • O dia que ele testou positivo;
    • O tipo do teste que ele fez;
    • O dia do contato que tive com ele. 

Entrei em contato com o meu colega dia 01/11, e ele avisou que estava positivo dia 04/11. O teste dele foi um PCR, que foi feito no dia 01/11 e ficou pronto dia 04/11. Nesta situação, ele estava transmitindo bem no dia que entrei em contato com ele. Assim, eu devo aguardar de quatro a seis dias e aí fazer o teste PCR, ou seja, entre os dias 05/11 e 07/11.

Porém, também existe um problema com a política de testagem do Brasil: só podemos ser testados pelo SUS ou pelos planos de saúde quando tivermos sintomas. Se alguém confirmado com COVID-19 tossir, espirrar ou falar alto e bastante próximo a mim e eu não desenvolver sintomas, eu não poderei ser testado, a não ser que eu vá até um laboratório particular e pagar pelo teste, valor que não é barato (em torno de R$ 250,00).

Isso acaba gerando uma situação na qual eu terei que continuar indo trabalhar, podendo estar dispersando o vírus, o que é bastante problemático e contribui para o aumento de casos que estamos vendo agora.

Por isso é importante entendermos sobre os testes, mas mais importante ainda é prevenirmos o contágio, evitando ao máximo que situações difíceis como essa ocorram. Para isso, nunca deixe de utilizar adequadamente a máscara, fazer distanciamento mínimo de 2 metros das demais pessoas e manter as mãos e superfícies constantemente higienizadas. São ações simples e que ajudam a diminuir a transmissão ou, no caso da pessoa contrair o vírus, por ser uma quantidade menor, que eles possam ser neutralizados mais rapidamente pelo nosso corpo antes de transmitirmos para outra pessoa.

Referências para consulta:

[1]https://www.medicina.ufmg.br/rt-pcr-ou-sorologico-entenda-as-diferencas-entre-os-testes-para-a-covid-19/

[2]https://www.nytimes.com/interactive/2020/10/02/science/charting-a-coronavirus-infection.html

[3]https://notesoncovid.wordpress.com/2020/04/26/o-que-significa-o-resultado-de-um-teste-rapido-para-covid19/

[4] http://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/68-teste-rapido-covid-19

[5]https://veja.abril.com.br/saude/coronavirus-quanto-custa-e-onde-e-possivel-fazer-testes-para-covid-19/

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