ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DA CIDADE DE SÃO PAULO NA PANDEMIA DE COVID-19

Este conteúdo foi migrado para o nosso novo site. Acesse clicando aqui.

Autor: Miguel A. Buelta M. @Martine44528723

Nesta análise é avaliada a situação da pandemia por COVID-19 na cidade de São Paulo, verificando-se o comportamento dos óbitos e casos diários notificados e o que poderiam ser os números reais de casos e óbitos totais, caso a subnotificação desses números, já mostrada em outras análises, pudesse ser dimensionada. 

Os números de casos e óbitos por COVID-19, diários ou totais acumulados, constantes dos gráficos correspondem à média móvel de sete dias, onde o dia considerado está no meio desses sete dias. São utilizados os valores de óbitos notificados até 16/07/2020 e os óbitos por SRAG notificados até 14/07/2020.

Todos os números são aqueles fornecidos pelo Ministério da Saúde. No que diz respeito aos números de casos e óbitos reais, a análise está baseada nas metodologias apresentadas nos dois trabalhos anteriores resumidos.

Nessa análise é mostrado o consenso de que o óbito ocorre em média de 8 a 12 dias após o início dos sintomas, quando é detectado o caso de infecção, a taxa de 1,38% entre o número de óbitos e o número de casos (Imperial College London), bem como o atraso na notificação de casos, o número de casos reais totais no Brasil é maior do que o que vem sendo, devido à pouca testagem. Isso também pode ser mostrado para os Estados do país.

Nessa análise mostra-se o grande aumento de óbitos por SRAG em 2020 (1), em relação aos anos anteriores, no qual uma parcela significativa não foi identificada como sendo causada por COVID-19. 

A partir daí decide-se acrescentar aos óbitos oficialmente notificados por COVID-19  ( N_COVID ), aqueles óbitos devido ao SRAG (N_SRAG), a cada dia, onde não houve confirmação para COVID-19.

  1. Agradecimento ao grupo Foco no COVID ( https://www.foconocovid.com/ ) que forneceu as tabelas de SRAG de 2020 e 2019, devidamente interpretadas, facilitando em muito esta análise.

Utilizam-se as expressões:

N_SRAG = N_SRAG2020  – N_SRAG2019  –  N_COVID SRAG2020   

Notar que são também retirados do N_SRAG os óbitos por SARG de 2019, e que podem ter ocorrido devido a outras viroses.

Portanto, o número de óbitos por COVID-19, passa as ser adotado como:

 ÓBITOS POR COVID-19 = N_SRAG + N_COVID

Nesta análise, para a cidade de São Paulo, são reunidos os conceitos dos dois trabalhos citados, e estimando qual deveria ser o número de casos e óbitos por COVID-19, segundo as considerações que são feitas nessas duas análises anteriores.

A SITUAÇÃO ATUAL DA CIDADE DE SÃO PAULO

No gráfico abaixo nota-se que se havia iniciado uma diminuição do número de óbitos diários  notificados, mas a partir de 24/06 essa diminuição parou de ocorrer, como pode ser visto no gráfico que corresponde às duas últimas semanas. Isso deve ser consequência do relaxamento do isolamento social que ocorreu anteriormente. Com esse número praticamente constante para a média móvel dos óbitos diários, estima-se que em 31/07 estarão acumulados 9800 óbitos totais notificados por COVID-19. 

Período considerado (20/03 a 13/07)

Período das últimas 2 semanas (30/06 a 13/07)

No gráfico a seguir são mostrados os óbitos por SRAG ( N_SRAG , da expressão (1) acima ), que seriam os óbitos que poderiam ser por COVID-19, ainda não notificados como tal.

Período considerado (20/03 a 11/07)

Essa diminuição dos N_SRAG  , nas últimas semanas é, em grande parte, devido ao atraso dessas notificações de óbitos por SRAG, que ocorrem como norma e que são posteriormente corrigidas. 

No próximo gráfico são agrupados os óbitos diários, conforme:

-Curva azul: óbitos diários por COVID-19 notificados pelo Ministério da saúde ( N_COVID). 

-Curva verde: óbitos por SRAG ( N_SRAG , da expressão (1) acima ), que seriam os óbitos que poderiam ser por COVID-19, ainda não notificados como tal.

– Curva laranja: óbitos diários por COVID-19 notificados ( N_COVID ), acrescidos dos óbitos por SRAG que possivelmente também eram devidos à COVID1-19 ( N_SRAG ) , isto é:

ÓBITOS POR COVID-19 = N_SRAG + N_COVID . Esta curva está baseada nas informações sobre SRAG fornecidas pelo Ministério da Saúde, até 14/07/2020.

Período considerado (20/03 a 11/07)

Notar que os ÓBITOS POR COVID-19 diários, adicionando os dois casos, também tendem a diminuir. No entanto acredita-se que esse número, assim como as notificações de óbitos diários por COVID-19, esteja praticamente constante. A posterior correção deve ocorrer quando forem atualizados os óbitos por SRAG.

3) Casos e Óbitos Reais por COVID-19 na Cidade de São Paulo

Nos gráficos que seguem são mostrados os números de óbitos e casos totais acumulados, seguindo a mesma nomenclatura e cores do capítulo anterior.

Período considerado (19/03 a 11/07)

Deve-se destacar que há uma boa diferença entre os óbitos totais por COVID-19 notificados pelo Ministério da saúde (curva azul) e os óbitos que deveriam ter sido notificados (curva laranja), devido ao excedente de óbitos por SRAG não identificada como sendo causada por COVID-19. Portanto, segundo as considerações desta análise, utilizando os números obtidos, deveriam ter sido notificados para na cidade de São Paulo 1,7 vezes o número de óbitos por COVID-19, do que o número dado pelo Ministério da Saúde (Ex: em 11/07/2020 teríamos 13.654 óbitos contra os 8.176 notificados).

No próximo gráfico são incluídos os casos de COVID-19 notificados pelo Ministério da saúde. Curva preta e numericamente apresentado o número de casos/10.

Período considerado (19/03 a 11/07)

Tomando também o número de ÓBITOS POR COVID-19 = N_SRAG + N_COVID  válido (curva laranja), e as considerações já citadas, de que é consenso que o óbito ocorre em média de 8 a 12 dias após o início dos sintomas, quando é detectado o caso de infecção, a taxa de 1,38% entre o número de óbitos e o número de casos (Imperial College London), bem como o atraso na notificação de casos, e utilizando os números obtidos, segundo as considerações desta análise, o número de casos de COVID-19 reais totais na cidade de São Paulo seriam da ordem de 7,5 vezes o número de casos totais notificados (Ex: em 11/07/2020 teríamos 1,14 milhões de casos, contra os 151, 4 mil notificados). O número de casos deve ser maior ainda do que esse, pois utilizaram-se aqui apenas os óbitos que passaram pelo sistema de saúde. 

Verificou-se que o relaxamento do isolamento social fez com que a queda que vinha ocorrendo, no número de óbitos diários notificados, não continuasse. Isso fica claro no gráfico de óbitos diários notificados por COVID-19 das duas últimas semanas, cuja média móvel permanece praticamente constante. 

Mantido isso, estima-se que em 31/07 estarão acumulados 9800 óbitos totais notificados por COVID-19, na cidade de São Paulo. Deve-se ficar atento às variações do número de óbitos diários, de modo a rapidamente alterar as políticas de isolamento.

Quanto aos casos e óbitos reais por COVID-19, fica claro que, segundo as considerações aqui apresentadas, existe subnotificação de ambos, como já foi identificado para outras cidades, estados e para o Brasil como um todo, inclusive numa proporção maior. Para isso, foi considerada uma relação aceita entre casos e óbitos, bem como o possível maior número de óbitos por COVID-19, não notificados, dado o grande aumento de óbitos por SRAG em relação aos anos anteriores. 

O número de óbitos por COVID1-9 para a cidade de São Paulo seria 1,7 vezes o número de óbitos notificados pelo Ministério da Saúde. Já o número de casos seria 7,5 vezes o número de casos totais notificados. Os valores reais poderão ser até maiores do que aqueles aqui calculados.

Existem cidades e estados em que essa subnotificação é maior ou menor, e facilmente calculada utilizando o procedimento aqui apresentado.

Deixe um comentário

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora